Ep 01 – Ada Rogato – A pioneira da Aviação

Ada Rogato Heroínas do Brasil

Nem todas as mulheres de antigamente sonhavam com uma vida comum. Algumas, como Ada Rogato, sequer se casaram. Elas tinham sonhos próprios e lutaram para realizá-los sem pedir licença. Bravo! Bravíssimo!

Bem-vindo! Bem-vinda ao Podcast Heroínas do Brasil. Vamos relembrar a vida e os feitos de brasileiras incríveis? Grandes mulheres que fizeram a diferença. No episódio de hoje você vai conhecer a trajetória de uma pioneira da aviação brasileira. 

Seu nome: Ada Leda Rogato. Mas, bem que poderia ser Corajosa dos Ares! Numa época em que voar era coisa basicamente pra homens, Ada rompeu barreiras na terra e no céu pra realizar seus sonhos. E escapar de um destino pronto no qual ela deveria simplesmente se encaixar. 

Porque no início do século 20, a maioria das mulheres ficava em casa cozinhando, costurando e sonhando com um marido pra chamar de seu.  Ada foi criada pra ser assim.  Mas nossa heroína tinha outros sonhos quando olhava pro céu… 

Ada Leda Rogato nasceu na capital paulista em 1910. Era filha única de imigrantes italianos, moradores do Cambuci. Desde pequena, ela punha a mão na massa pra ajudar a família nas tarefas da casa.

Aos 21 anos, com o dinheiro de bordados e trabalhos manuais, Ada deu o primeiro passo pra realizar seu sonho de pilotar aviões. Se matriculou na Escola Livre da Sociedade de Pilotagem de São PauloFoi o começo – afinal tudo nessa vida tem um começo – pra feitos notáveis nos céus. 

Aos 25 anos de idade, ela conseguiu seu brevê de piloto. O terceiro obtido por uma mulher no país. Mas ela enxergava outras possibilidades…

Como, por exemplo, ser paraquedista. Ada foi a primeira sul-americana a conseguir essa licença. 

Foi a primeira a obter brevê de piloto de planador. 

Também foi a primeira piloto agrícola do país.

Nossa heroína era movida a desafios. Tinha sangue e audácia nas veias. 

E os pés no chão. Pra bancar os sonhos, ela trabalhava como funcionária pública no Instituto Biológico de São Paulo. 

Ada não só gostava de pilotar os aviões de pequeno porte, como o Cesna 140 HP, como amava fazer acrobacias nos céus.

Pra delírio da multidão, ela agitava as feiras agrícolas do país com manobras surpreendentes.  Você gosta de saltar de paraquedas? Já pensou em fazer isso? Ada adorava.

Em 1942, ela se consagraria, ao lado de cinco outros alunos de Paraquedismo do Aeroclube de São Paulo, com o primeiro salto coletivo noturno. Foi na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Trinta mil pessoas esticaram o pescoço pra ver aqueles “malucos” saltarem e pousarem na água salgada.

Além das aventuras, Ada também foi voluntária no patrulhamento aéreo do litoral paulista durante a Segunda Guerra Mundial. Vai que aparecia um caça nazista por lá né? 

Seu primeiro e único acidente aconteceu em Cafelândia, interior paulista, quando seu monomotor se chocou contra fios telefônicos e caiu. Ada teve fraturas, perdeu alguns dentes e ganhou algumas cicatrizes. Pensa que ela desistiu? Que nada… Recuperou-se e tornou-se Campeã Paulista de Paraquedismo.

Levar uma vida normal não fazia parte do script de Ada Rogato. Ela usava pequenos aviões pra realizar grandes feitos. Tinha uma personalidade discreta. E viajava sempre sozinha. Consegue imaginar isso? Até hoje tem muita mulher que não faz sequer uma excursão sozinha, não é mesmo? Eu, já fiz várias.

Ada foi a primeira mulher a atravessar a Cordilheira dos Andes num avião de pequeno porte, em 1950. Ela também sobrevoou sozinha a selva amazônica num avião monomotor, sem rádio, apenas com uma bússola. Nunca, nunquinha alguém tinha feito isso. 

A ousadia valeu a Ada o apelido de “gaivota solitária”.

Ada foi a primeira aviadora a chegar sozinha na Terra do Fogo, na Argentina. Foi a primeira piloto a percorrer as três Américas num voo solitário em um pequeno avião.

Em 1956, pra homenagear os 50 anos do primeiro voo de Santos Dummont em seu 14 Bis, ela voou pra todas as capitais brasileiras. Tipo pinga pinga mesmo.

Ada nunca se casou nem teve filhos. Quando deixou de voar, se tornou diretora do Museu da Aeronáutica de São Paulo. Ali ficava cercada pelos aviões que tanto amava.

Ada faleceu em 1986, aos 76 anos. No dia do seu funeral, a Esquadrilha da Fumaça riscou os céus de São Paulo em sua homenagem.    

Que brasileira espetacular, hein? Espero você no próximo episódio do Podcast Heroínas do Brasil. Até lá! 

Saiba mais

* Os 50 anos do sobrevoô dos Andes por Ada Rogato com seu avião Brasileirinho foi tema do selo comemorativo lançado pelos Correios, em 2000.

*Ada foi a primeira mulher a receber a comenda da Ordem do Mérito Aeronáutico, no grau de Cavaleiro, a Comenda Asas da Força Aérea Brasileira e o título Piloto em “Honoris Causa”, da FAB.

*Ada foi a primeira mulher a atingir o aeroporto mais alto do mundo, em La Paz, na Bolívia, com um avião de apenas 90 HP, em 1952.

Pra ver de perto 

Visite o Instituto Biológico de São Paulo, no bairro da Vila Mariana, na capital paulista, onde Ada Rogato trabalhou como funcionária pública.

Ficha técnica:

    O Heroínas do Brasil é uma produção original Tumpats Podcasts.
  • Roteiro e apresentação: Lúcia Tulchinski
  • Identidade visual: Cris Pagnoncelli
  • Identidade sonora: Lucas Panisson
  • Edição e sound design: Gustavo Slomp 
  • Gerenciamento do projeto e comunicação: Kelly Gequelim
  • Este episódio utilizou áudios do Arquivo Nacional
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