Ep 02 – Ana Néri – a primeira enfermeira do Brasil

Ana Neri - Heroínas do Brasil

Não é de hoje que as mulheres abraçam causas humanitárias. Antes mesmo de o Brasil ser uma república, muitas mulheres enfrentaram grandes desafios com garra e coragem. Como a baiana Ana Néri, que arregaçou as mangas para tratar doentes e feridos na Guerra do Paraguai. 

Bem-vindo! Bem-vinda! ao Podcast Heroínas do Brasil. Agora, embarque comigo, numa pequena viagem até o século dezenove, um tempo sem internet, SmartTV, computador, nem celular… 

Imagine que você é uma mulher de uma família de posses, tem uma vida tranquila, previsível… Então, resolve largar tudo pra servir de enfermeira voluntária numa guerra. Parece coisa de filme, né? Pois foi exatamente o que Ana Néri fez. 

Essa corajosa mulher não mediu esforços pra salvar a vida de muitos soldados na Guerra do Paraguai. Por isso, ficou conhecida como a Pioneira da Enfermagem no Brasil. Virou nome de ruas, de praças, de escolas, estampa de selo… Vamos saber então como tudo aconteceu?

Ana Justina Ferreira nasceu em 13 de dezembro de 1814, em Vila Cachoeira do Paraguaçu, no interior da Bahia. Casou cedo, aos 23 anos, como era comum na época. O marido era o capitão de fragata Isidoro Antônio Néri. 

Seis anos depois, ela ficou viúva, com três filhos pequenos. Ana se empenhou muito pra criar os filhos. Dois deles se formaram em Medicina e o terceiro seguiu a carreira militar.

Então, aos 51 anos de idade, ela tomou uma decisão avassaladora. Era o ano de 1865. A Guerra do Paraguai estava no ar. Brasil, Argentina e Uruguai lutavam contra o Paraguai por questões territoriais e econômicas. Muitas questões… As batalhas aconteciam em terra e no mar. 

Assim que Ana ficou sabendo que os filhos e os irmãos tinham sido convocados pra lutar no conflito, ela escreveu uma carta pro presidente da província da Bahia oferecendo seus serviços como enfermeira. Fala sério, quem que você conhece faria isso? 

Um detalhe: Ana não era enfermeira. Ela tinha apenas as noções básicas da atividade. 

Conta-se que ela nem esperou a resposta. Deixou a Bahia em direção ao sul do país, pra ser voluntária no corpo de saúde do Exército. 

Ana aprendeu as primeiras noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Munida de dedicação e amor ao próximo, ela arregaçou as mangas pra valer.

A situação era precária: faltavam insumos e remédios. Sobravam feridos. Doenças como cólera, malária, varíola, febre tifoide e pneumonia ameaçavam a vida dos combatentes. A maioria dos soldados morria por conta dessas doenças infecciosas. 

Ana organizou as tarefas em hospitais militares na Argentina, no Paraguai e, também, em hospitais na frente de batalha, onde ajudou soldados brasileiros e até mesmo paraguaios. Isso, inclusive, irritou um bocado o comando do Exército. 

E ainda fez muito mais: com seus próprios recursos, ela montou uma enfermaria-modelo em sua casa em Assunção, onde trabalhou incansavelmente até o fim da guerra, em 1870. 

Ana perdeu um filho e um sobrinho no combate. Mas, seguiu em frente. Ela inclusive adotou três órfãos, filhos de soldados desaparecidos. 

De volta à sua terra natal, Ana Néri recebeu a “Medalha Geral de Campanha” e a “Medalha Humanitária de primeira classe” do governo imperial.

Ana Néri faleceu aos 66 anos, no Rio de Janeiro. 

Ela foi a primeira mulher a entrar pro Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria, guardado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília. 

Uma heroína e tanto, não é mesmo? 

SAIBA MAIS

*O nome de Ana Néri é lembrado com reverência no Dia Internacional da enfermagem, em 12 de maio. 

*A primeira escola oficial brasileira de enfermagem, fundada em 1923, no Rio de Janeiro, ganhou o seu nome.

*A rua onde Ana Néri nasceu foi batizada com seu nome.

PRA VER DE PERTO

*O Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery, que reúne objetos, vídeos, vestimentas e fotos da primeira enfermeira do Brasil, pode ser visitado do bairro do Pelourinho, em Salvador, Bahia.

Ficha técnica:

    O Heroínas do Brasil é uma produção original Tumpats Podcasts.
  • Roteiro e apresentação: Lúcia Tulchinski
  • Identidade visual: Cris Pagnoncelli
  • Identidade sonora: Lucas Panisson
  • Edição e sound design: Gustavo Slomp 
  • Gerenciamento do projeto e comunicação: Kelly Gequelim
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