Ep 3 – Anita Garibaldi – A heroína de dois mundos

Anita Garibaldi - Heroínas do Brasil

Imagine se lançar na linha de frente de várias batalhas para lutar por sua pátria e, também, pela pátria de seu companheiro? Pois foi exatamente o que Anita Garibaldi fez. Ela não mediu esforços para lutar pelas causas em que acreditava, nem pelo grande amor de sua vida. Sua coragem é reverenciada no Brasil e na Itália.

Bem-vindo! Bem-vinda ao Podcast Heroínas do Brasil! Estamos aqui pra contar a história de brasileiras incríveis. Mulheres de fibra, que desafiaram convenções sociais e limites no tempo em que viveram. Muito antes da palavra feminismo ser pronunciada. Muito antes de eu ou você termos nascido.

Como a personagem de hoje, que em defesa de ideais de liberdade, se lançou em várias batalhas no Brasil e na pátria de seu companheiro, a Itália. Seu nome: Anita Garibaldi. A heroína de dois mundos.

Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em 1821, em Santa Catarina, numa família humilde. Era a terceira de dez filhos. Desde menina, nossa heroína gostava de ouvir seu tio Antônio defender a república e criticar a monarquia vigente no Brasil. Foi assim que ela começou a alimentar seus ideais de igualdade social e liberdade.

A moral rígida do século 19 não conseguia aprisionar o espírito livre de Anita que adorava nadar nua no mar de Laguna. Um escândalo e tanto pra época.

Com a morte do pai, Anita foi obrigada a se casar aos 14 anos com o sapateiro Manuel Duarte de Aguiar. Coisas daqueles tempos …

Quando o marido se alistou no exército imperial e partiu, Anita voltou pra casa da mãe. A família dela apoiava os chamados farroupilhas que queriam se libertar da Coroa Portuguesa. Em 1839, aos 18 anos, nossa heroína conheceu Giuseppe Garibaldi, rebelde italiano exilado que também apoiava os gaúchos defensores da república independente no sul do país. Os dois se apaixonaram – tipo paixão à primeira vista mesmo – e lutaram lado a lado nas batalhas da Revolução Farroupilha.

Foi a partir daí que Ana virou Anita, um diminutivo carinhoso, com muito amor envolvido. Nada podia deter a destemida rebelde na defesa dos ideais de liberdade em que ela acreditava. 

Na Batalha de Laguna, por exemplo, ela conduziu um pequeno barco, sob fogo cruzado, pra transportar munição. Anita também carregava e disparava canhões contra os navios da coroa portuguesa sem piscar. 

 Coragem parecia mesmo ser seu segundo nome …

Na Batalha de Curitibanos, ela foi capturada pelas tropas imperiais. Como se não bastasse, foi informada de que Giuseppe tinha morrido. Acha que ela ficou chorando pelos cantos? Nada disso. Fugiu a cavalo, grávida de seu primeiro filho, à procura do companheiro. Encontrou-o vivo em Vacaria, no Rio Grande do Sul. 

O filho, Domênico, nasceu em meio às batalhas, em 1840. O casamento com Guiseppe só aconteceu dois anos depois, em Montevidéu. Esse país aceitava o divórcio. O que não acontecia no Brasil naquela época…

Anita não fazia questão de levar uma vida normal mesmo. Nada de cortininhas brancas nas janelas e ponto final. Depois de lutar a favor do Uruguai, contra a Argentina, ela e Guiseppe partiram pra Europa. 

Na Itália, Anita acompanhou Giuseppe nas lutas pela unificação do país. Atuou novamente com grande bravura em várias batalhas. Seu exemplo inspirou muitas italianas a lutarem pela mesma causa.

Anita não teve uma vida longa. Morreu aos 28 anos, grávida do quinto filho, doente, em Mandriole, Itália. 

Os italianos a veneram. Tanto que ela foi homenageada com um mausoléu em Roma, na colina de Gianicolo.

O nome de Anita Garibaldi é lembrado em muitas ruas, praças e instituições do Brasil, principalmente em Santa Catarina, onde ela é idolatrada. Existe até uma cidade no estado que leva seu nome. Em Laguna, onde ela viveu, sua história é lembrada em casarios transformados em museus, como a Casa Amarela. 

Ah! Uma curiosidade. A escola de samba carioca Viradouro homenageou nossa heroína com o enredo “Anita Garibaldi – a Heroína das Sete Magias”, em 1999. Ela bem que mereceu, não é mesmo? 

SAIBA MAIS

*Há controvérsias sobre o local de nascimento de Anita Garibaldi. As cidades de Laguna e Lages disputaram judicialmente esse legado. A vitoriosa foi Laguna. 

 *O nome de Anita Garibaldi foi inscrito no Livros de Heróis e Heroínas da Pátria, guardado no Panteão da Liberdade em Brasília.

*A NDTV, de Santa Catarina, lançou a série documental Anita: amor, luta e liberdade, em comemoração ao bicentenário de nascimento da heroína de dois mundos.

*A história dessa heroína também inspirou a minissérie A casa das sete mulheres, de 2003, da TV Globo, com Giovanna Antonelli como Anita e Thiago Lacerda, como Garibaldi.

Pra ver de perto

*Em Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, a 110 km de Florianópolis, visite o Museu Histórico Anita Garibaldi e o Museu Casa de Anita.

*Em Roma, Itália, aprecie o monumento em homenagem a Anita, do escultor Rutelli, na Colina Gianicolo.



Ficha técnica:

    O Heroínas do Brasil é uma produção original Tumpats Podcasts.
  • Roteiro e apresentação: Lúcia Tulchinski
  • Identidade visual: Cris Pagnoncelli
  • Identidade sonora: Lucas Panisson
  • Edição e sound design: Gustavo Slomp 
  • Gerenciamento do projeto e comunicação: Kelly Gequelim
  • Este episódio utilizou áudios do Arquivo Nacional

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