Ep 08 – Chiquinha Gonzaga – a maestrina da liberdade

Chiquinha Gonzaga Heroínas do Brasil

Numa época em que as mulheres eram obrigadas a ficar em casa, obedecendo aos maridos, Chiquinha transgrediu várias normas sociais e foi à luta pra viver do seu talento musical.

Bem-vinda! Bem-vindo a mais um episódio do Podcast Heroínas do Brasil. Eu sou Lúcia Tulchinski, jornalista, roteirista e escritora. Em parceria com a Tumpats, relembro a trajetória de brasileiras incríveis.  

Prepare-se! Agora você vai conhecer a história de uma mulher que ousou desafiar as regras e a moral de seu tempo. Chiquinha Gonzaga, a primeira compositora de música popular do Brasil

Numa época em que as mulheres eram obrigadas a ficar em casa, obedecendo aos maridos, Chiquinha transgrediu várias normas sociais e foi à luta pra viver do seu talento musical.

Vamos saber então como tudo aconteceu. 

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro em 1847, na época do Segundo Império. Era filha de uma escrava mestiça liberta e de um primeiro-tenente de família ilustre. 

Chiquinha foi criada pra ser uma dama comportada da corte imperial. 

A música despertava seu interesse desde criança. E não apenas as valsas dos salões de baile. Chiquinha adorava ouvir os ritmos africanos, tocados com atabaques e outros instrumentos de percussão. 

Aos 16 anos de idade, Chiquinha foi forçada pela família a se casar com o empresário Jacinto Ribeiro do Amaral. Coisas daqueles tempos… Ah, mas de presente de casamento ela ganhou seu primeiro piano. 

O marido, com quem ela teria três filhos, não aprovava o envolvimento de Chiquinha com a música. Talvez tivesse ciúmes do piano né? 

Pois Chiquinha ousou escandalizar a sociedade e se separou dele. Nenhuma mulher da corte fazia isso. Em represália, ela perdeu a guarda dos filhos Hilário e Maria do Patrocínio e, também, o apoio da família.

Mesmo assim, ela não voltou atrás. Tratou de cuidar de sua vida, na companhia de João Gualberto, o filho mais velho. Pra garantir o sustento, ela dava aulas de piano e tocava em bailes. Fazer da música uma profissão era algo inédito pra uma mulher no século 19. Algo totalmente fora do script social.

A cultura musical brasileira agradece essa ousadia. Chiquinha Gonzaga contribuiu de forma única ao incorporar os ritmos africanos das rodas de lundu, umbigada e outros às valsas, choros, tangos, cançonetas e polcas. 

Considerada a primeira compositora popular do Brasil, Chiquinha criou músicas incríveis. Algumas ficaram pra sempre na memória nacional, como a marcha carnavalesca Ô abre alas

“Ô abre alas! / Que eu quero passar/ Eu sou da lira / Não posso negar / Ô abre alas! / Que eu quero passar / Rosa de Ouro / É que vai ganhar”…

Chiquinha também foi a primeira mulher a reger uma orquestra no país. Como maestrina, um termo que nem existia naqueles tempos, ela atuou em 77 peças teatrais, de diversos gêneros, como teatro de revista e operetas.

Chiquinha também era uma abolicionista determinada. Ela vendia partituras musicais pra angariar fundos pra comprar a alforria de negros escravizados. 

Ela também militou pelo fim da monarquia. 

A vida amorosa da pianista foi marcada pelo que se chamava na época de “escândalos”: dois divórcios e um relacionamento com um parceiro mais jovem, João Batista Fernandes, com quem viveu até o fim de sua vida. 

Chiquinha Gonzaga compôs sua última obra, a opereta Maria, em 1934. 

Um ano depois faleceu no Rio de Janeiro.

Viva Chiquinha Gonzaga! Viva a música popular brasileira! mú

Ficha técnica:

    O Heroínas do Brasil é uma produção original Tumpats Podcasts.
  • Roteiro e apresentação: Lúcia Tulchinski
  • Identidade visual: Cris Pagnoncelli
  • Identidade sonora: Lucas Panisson
  • Edição e sound design: Gustavo Slomp 
  • Gerenciamento do projeto e comunicação: Kelly Gequelim
  • Este episódio utilizou trechos da gravação original da música “Ô abre alas”.

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