Ep 06 – Bárbara de Alencar – a rebelde do Crato

Bárbara de Alencar - Heroínas do Brasil

Defender a liberdade, a justiça social, a igualdade. Tudo isso era vital para essa rebelde com causa, considerada a primeira presa política do país. Ela pagou um preço alto por suas escolhas e deixou um legado valioso.

Bem-vinda! Bem-vindo ao Podcast Heroínas do Brasil! Eu, Lúcia Tulchinski, relembro aqui, em parceria com a Tumpats, a história de brasileiras incríveis.

Você acha que vale a pena lutar por um país livre, democrático e justo? Bárbara de Alencar, considerada a primeira presa política do país, tinha certeza que sim, por isso lutou pela independência do Brasil do domínio português. 

Ela pagou um alto preço por defender seus ideais, mas deixou um legado de esperança e liberdade.Vamos conhecer sua história?

Bárbara Pereira de Alencar nasceu em 1760 numa família tradicional, na cidade de Exu, no sertão pernambucano. Na época, o Brasil era uma colônia portuguesa, forçada a seguir as leis imperiais como o pagamento de impostos à Coroa.

Ainda adolescente, Bárbara se mudou pra a casa da madrinha no Crato, Ceará, pra estudar. Isso era raro naquela época, pois só os homens tinham acesso à educação. Dá pra acreditar? Essa era a pegada no século 18.

Mas Bárbara não era uma mulher igual às outras. Ela tinha uma personalidade forte e gostava de expor suas opiniões. Sonhava com um mundo melhor e mais justo. 

Também gostava de ler clássicos da literatura em voz alta, na calçada de sua casa, pra todos que quisessem ouvir. 

Aos 22 anos ela se casou com o comerciante português José Gonçalves dos Santos, trinta anos mais velho do que ela. Teve cinco filhos: quatro homens e uma mulher. 

Aos 49 anos, ficou viúva. Tornou-se então responsável pelos engenhos e propriedades rurais da família. Dona Bárbara do Crato tornou-se literalmente a matriarca da família. Mandava, desmandava e fazia acontecer. 

Os escravos que trabalhavam pra ela eram tratados com humanidade, ao contrário dos maus-tratos recebidos de outros patrões. 

Naquela época, a fome, a pobreza e as imposições de Portugal revoltavam muitos nordestinos. Por conta disso, em 1817, o filho caçula de Bárbara, José Martiniano de Alencar, encabeçou um movimento pra libertar a região de Portugal. 

Bárbara apoiou totalmente a iniciativa revolucionária que levou à criação da República do Crato. Isso aconteceu setenta anos antes da proclamação da República no Brasil. Faz ideia?

Mas, tropas da Coroa sufocaram o movimento em poucos dias. Barbara e seus filhos foram presos, seus bens confiscados e as propriedades leiloadas. 

A “rebelde do Crato” foi considerada agitadora, revoltosa, conspiradora, liberal e conjurada. Tinha cinquenta e sete anos quando foi algemada e acorrentada no lombo de um cavalo e forçada a percorrer a pé, com outros prisioneiros, mais de 500 quilômetros entre Crato e Fortaleza. Foi confinada num pequeno calabouço por oito meses e depois transferida para prisões em Recife e em Salvador. Só foi anistiada quatro anos depois. Dureza, né?

Apesar de tudo que passou, Bárbara permaneceu fiel aos seus ideais.

Em 1822, quando os ideais republicanos incendiavam o país, Bárbara e seus filhos envolveram-se novamente em movimentos pra libertar o Brasil do domínio português. 

Desta vez, perdeu dois filhos e vários outros parentes nos confrontos com as tropas imperiais na Confederação do Equador.

A “rebelde do Crato” morreu aos 72 anos de idade, sem ver o filho José Martiniano, se tornar senador e, depois, presidente, como se dizia na época, da província do Ceará.

Grande nordestina, grande brasileira, grande mulher.

SAIBA MAIS

*Bárbara de Alencar é avó do escritor José de Alencar, autor dos livros O Guarani, Iracema, Senhora, entre outros.

*A Rebelde do Crato é pentavó do escritor Paulo Coelho. 

*A “Medalha Bárbara de Alencar”, instituída pelo Centro Cultural Bárbara de Alencar, homenageia anualmente três mulheres por suas ações em prol da sociedade.

*O centro administrativo do Governo do Ceará foi batizado com o nome da “Rebelde do Crato”.

*Em dezembro de 2014, Bárbara de Alencar teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília.

PRA VER DE PERTO

*Na Praça Bárbara de Alencar, também chamada de Praça Medianeira, no Bairro da Aldeota, em Fortaleza, Ceará uma escultura homenageia a Rebelde do Crato, obra do cearense Zenon da Cunha Mendes Barreto.

*Na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, na capital cearense, dá pra ver o calabouço onde Bárbara de Alencar foi confinada.

Ficha técnica:

    O Heroínas do Brasil é uma produção original Tumpats Podcasts.
  • Roteiro e apresentação: Lúcia Tulchinski
  • Identidade visual: Cris Pagnoncelli
  • Identidade sonora: Lucas Panisson
  • Edição e sound design: Gustavo Slomp 
  • Gerenciamento do projeto e comunicação: Kelly Gequelim
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin

Inscreva-se

e receba em primeira mão os conteúdos exclusivos de cada episódio do Heroínas do Brasil.